domingo, 16 de fevereiro de 2014

Cheatahs

Cheatahs                                                                                              4/10
Wichita Records, 2014





"Grandes fórmulas, pequenos resultados"


   Se não há muito a ser dito sobre o "background" dos Cheatahs, será talvez pelo pouco que se sabe acerca da novata banda. Oriundo de Londres, o grupo leva debaixo do braço um par de EP's que chamou a atenção da crítica e das gravadoras em 2012, possibilitando o lançamento da sua estreia autointitulada já este ano. E embora admire a sua sonoridade e reconheça o objectivo a que querem chegar, não posso dizer que tenha ficado fã deste "Cheatahs".

   A lista de fontes a que vão beber é mais que clara: do grunge, ao rock alternativo, ao indie e até a algum psicadélico, tudo neste álbum lembra, mais ou menos vivamente, algo que já foi feito e refeito no passado. A originalidade não é, então, um dos pontos fortes dos Cheatahs, a provar por qualquer uma das faixas presentes neste disco. Não é este, no entanto, o meu problema com o seu début. Afinal - poderá ser argumentado - não existe muito de realmente novo na música actual, e a energia, vivacidade e competência que os Cheatahs apresentam no seu homónimo certamente compensará esta incapacidade criativa.

   A isto, respondo: até seria esse o caso, se este esforço não se revelasse, por falta de melhor palavra, tão imperdoavelmente vazio. Desprovido de um rumo que o guie, "Cheatahs" segue por caminhos já desbravados, sem mostrar sequer resquícios de uma entrega ou identidade que compense o seu tão óbvio plágio. Não há nada que o destaque, que o individualize, que o separe das dezenas e dezenas de outras bandas que fizeram mais e melhor que aquilo que fazem aqui os Cheatahs. Muitas vezes lembram um Dinosaur Jr. ou um Nirvana, embora sem a alma, o verdadeiro espírito de musicalidade que tanto os identificou e que deles fez verdadeiros marcos da história da música. O "invólucro" aliciante e promissor que este disco apresenta é contrabalançado por um conteúdo inexistente, sem personalidade, atitude, carisma, sinceridade - oco, se quiserem. 

   E mesmo que isto não seja suficiente para fazer de "Cheatahs" um álbum verdadeiramente fraco, a verdade é que a banda não oferece um contraponto melódico ou sequer lírico suficiente: melodicamente, a pobreza do disco é manifestamente impeditiva do seu sucesso, havendo pouco por onde se pegue (sendo "Fall" e "Geographic" as mais óbvias excepções); e liricamente o panorama é ainda mais desolador (veja-se o single "The Swan", por exemplo), culminando num resultado que muitíssimo deixa a desejar. E como se não bastasse o facto deste álbum ser uma reprodução de uma infinidade de anteriores, ao ouvir as faixas aqui presentes não deixo de ter a impressão de que cada música é uma reprodução da anterior, numa infindável repetição do mesmo som, da mesma batida e das mesmas guitarras. Fazendo pela coesão do álbum, esta característica não ajuda muito à sua dinâmica ou interesse geral.

   De facto, "Cheatahs" é irremediavelmente formulista, repetitivo, absorto e, acima de tudo, aborrecido. Alguns momentos menos repreensíveis, como a interessante "Geographic", a potente "Get Tight" e a graciosa "Fall" não chegam para salvar este disco da sua inescapável mediocridade. É certo que, no início da sua carreira, os Cheatahs ainda podem aprender muito e crescer tanto mais. Mas se há algo que este álbum indica é que não será prudente esperar muito desta banda. Desinspirado, desnorteado e quase inteiramente despejável, "Cheatahs" é um tiro para fora do alvo. 



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